Pós-graduação: a importância de publicações com Qualis A e B
Quase um terço do resultado da avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para os cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) depende da produção intelectual dos seus docentes. A produção dos discentes é igualmente relevante, com peso semelhante. Mais do que o quantitativo de publicações, o que conta nessas avaliações para a Capes é a qualidade dos periódicos científicos nos quais os trabalhos são publicados.
Para fazer essa estratificação, a Capes utiliza oito estratos – A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C – chamados Qualis, que são atualizados anualmente. Cada um desses estratos(*) representa um nível de qualidade do veículo (i.e., do periódico) indicado pelas áreas de avaliação, conforme impacto e aderência ao objetivo de cada área. A classificação Qualis é realizada por comitês de consultores especializados em cada área, com critérios-referência definidos pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC/ES) e registrados nos documentos de área da Capes.
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Uma das críticas frequentes de parte da academia à classificação Qualis tem sido a sua forma indireta (subjetiva) de aferição (com não rara existência de espectro amplo de classificações diferentes para um mesmo periódico). Outra crítica é o fato de que a classificação não se refere aos artigos propriamente ditos, mas sim aos veículos em que foram publicados.
Em relação à primeira crítica, a Capes tem trabalhado para buscar mais objetividade nas regras do sistema Qualis, particularmente no sentido de diminuir as heterogeneidades na classificação (em breve a Capes divulgará o relatório com as recomendações do grupo de trabalho sobre o Qualis Periódicos). Já a classificação de veículos x artigos é um dilema que não se restringe ao sistema Capes, mas a uma prática internacional de avaliação da ciência.
Independentemente dessas e de outras possibilidades de melhoria, o fato é que, enquanto o Qualis for um dos critérios de avaliação mais importantes da Capes, a gestão de suas informações é uma atividade estratégica ao reconhecimento e, também, ao fomento da pós-graduação. Programas que têm entre 60% e 80% de sua produção categorizada majoritariamente nos estratos Qualis A e B1/B2 possuem mais acesso a fomento e mais prestígio no sistema de pós-graduação nacional.
Importância das publicações com Qualis A e B para a pós-graduação
Manter as publicações com Qualis mais elevados também é de suma importância para os docentes em uma perspectiva individual. Diversas instituições de pós-graduação pelo Brasil utilizam a qualificação das publicações como critério de avaliação individual para a manutenção e a remodelação de seu corpo docente, assim como para distribuição de recursos, bolsas e para a progressão na carreira.
(*) A estratificação dos Qualis
De acordo com a Capes, a nota aferida a cada periódico é medida “tomando-se uma revista científica, verificando-se quantas citações revistas científicas qualificadas fizeram de um número dela e dividindo-se esse total de citações pela quantidade de artigos publicados naquele exemplar”.
- A1: periódicos de excelência internacional (estrangeiros ou nacionais de alcance internacional) e considerados relevantes também no Brasil. Correspondem a 100 pontos.
- A2: periódicos também de excelência, mas sem abrangência internacional. Correspondem a 85 pontos.
- B1 e B2: periódicos reconhecidos, mas com uma relevância acadêmica inferior. A Capes compreende como publicações de destaque até esta estratificação. Correspondem a 70 e 55 pontos, respectivamente.
- B3, B4 e B5: periódicos com menos relevância dentro da produção acadêmica. Correspondem a 40, 25 e 10 pontos, respectivamente.
- C: é atribuído à avaliação zero, ou porque o periódico não é dito como relevante ou porque não se trata de periódico científico e sim de revista de divulgação.
Estratificação Qualis e Gestão da Informação
Um dos desafios para os programas e pró-reitorias de pós-graduação do país tem sido gerenciar de forma dinâmica e estratégica a classificação qualis da Capes, tanto quanto ao acompanhamento de suas mudanças e respectivo impacto na performance dos programas como, também, na produção de índices alternativos que possam substanciar sua própria autoavaliação.
No primeiro plano está o próprio acompanhamento das mudanças nas avaliações da Capes. Recentemente, por exemplo, a agência publicou nova tabela Qualis que, para determinadas áreas, baixou Qualis de periódicos de estratos B1 para C, o que é não somente inesperado, mas tem forte impacto no planejamento dos programas.
A Capes costuma responder afirmando que o sistema deve ser dinâmico por sua própria essência de avaliação. De qualquer modo, é imprescindível para um programa e para a IES acompanhar de perto esses indicadores e ter mecanismos ágeis de autoavaliação, bem como de comparação histórica entre a performance do Programa, considerando o Qualis no ano da produção e o Qualis vigente.
Um segundo desafio à autoavaliação dos Programas é a produção de indicadores alternativos, a exemplo do que fazem sistemas como o Scimago, Scopus e outros indexadores de periódicos ou mesmo indicadores de difusão na internet, como Google Scholar ou ResearchGate. É cada vez mais importante para programas e para IES terem seus próprios mecanismos de avaliação, tanto quanto seus próprios planejamentos estratégicos, de modo a não somente conhecerem, via simulações, a performance histórica e esperada na Capes, como, também, avaliarem sua performance segundo seus próprios critérios de prioridade e planejamento.
Atualmente, estes desafios têm sido enfrentados por poucos programas ou IES. A primeira providência é ter um sistema de informação capaz de coletar e acompanhar os dados da Capes e, em seguida, dispor de sistema de gestão alternativa de indicadores para produzir os cenários de autoavaliação desejados. Somente assim os programas e as IES não só se anteciparão à avaliação nacional, como criarão seus próprios sistemas autoavaliativos com padrões internacionais de análise de CT&I
Observação: a pontuação apresentada neste artigo é utilizada por diversas áreas de avaliação, mas variações podem ocorrer. Nas Engenharias IV, por exemplo, os artigos B2 possuem pontuação 30.