Como ter um programa de pós-graduação bem avaliado pela Capes
O Brasil conta com mais de 5 mil cursos de pós-graduação stricto sensu, de acordo com a Avaliação Trienal de Programas de Pós-Graduação conduzida pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no ano de 2013. Essa avaliação tem como função estabelecer um padrão de qualidade para os cursos de mestrado (acadêmico e profissional) e doutorado (acadêmico) e recompensar os cursos que atingem esse padrão de excelência com uma facilitação na captação de recursos. Em 2013, por exemplo, 60 programas tiveram suas autorizações de funcionamento revogadas pelo Ministério da Educação (MEC) por somarem nota insuficiente.
Um dos principais equívocos das universidades ao buscar ter um programa de pós-graduação bem avaliado pela Capes é focar apenas nas questões referentes às produções científicas e projetos de pesquisa. De acordo documento do próprio órgão, esses itens são os eixos principais de preocupação das avaliações conduzidas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A avaliação da Capes, por sua vez, tem um escopo mais abrangente:
“Como o Brasil faz sua avaliação dos cursos de mestrado e doutorado a partir da Capes, que tem no nome o aperfeiçoamento do pessoal de nível superior, nosso principal “produto” não são os artigos e livros, nem mesmo as teses e dissertações, mas os mestres e doutores que vão utilizar o conhecimento e a experiência adquirida para atuar quarenta, talvez cinquenta anos na pesquisa ou na sua profissão”.
Quais critérios as IES devem focar para ter um programa de pós-graduação bem avaliado?
O sistema de avaliação da Capes é dividido em dois processos diferentes: a Avaliação dos Programas de Pós-graduação e a Avaliação das Propostas de Cursos Novos de Pós-graduação. Cada um dos processos tem critérios de avaliação distintos. Neste post, focaremos nos critérios que se referem aos programas de pós-graduação já estabelecidos e autorizados pela Capes.
Os cursos de pós-graduação são avaliados segundo cinco esferas principais:
1 – Proposta do programa: essa critério analisa a coerência e a consistência do programa do curso de pós-graduação, tendo em vista a base curricular, os objetivos do programa e as linhas de atuação discutidas. Neste quesito também é avaliada a infraestrutura oferecida pela universidade para ensino, pesquisa e extensão daquele programa.
2 – Corpo docente: o perfil do corpo docente, suas titulações e experiências como pesquisador e/ou profissional, assim como o número de docentes permanentes ligados ao programa são alguns dos critérios avaliados nesta área. Outro ponto é a contribuição desses docentes em atividades de pesquisa e ensino da graduação.
3 – Corpo discente e trabalho de conclusão: este item está vinculado às produções científicas produzidas pelos mestrandos e doutorandos dos cursos de pós-graduação. Neste caso, é avaliada a quantidade de trabalhos aprovados no período, qual a efetiva aplicabilidade deles e como é feita a distribuição das orientações entre o corpo docente e discente titulado. Em algumas áreas também é avaliado o programa de formação de mestres e doutores.
4 – Produção intelectual: a produção intelectual realizada pelos docentes permanentes do programa de pós-graduação é avaliada com base no Qualis de cada uma. Também são mensuradas as produções artísticas, as inovações e as patentes desenvolvidas no período.
5 – Inserção social: o impacto social do programa assim como a integração e cooperação de organizações relacionadas à área do programa são alguns dos critérios de avaliação deste item. Outro é a capacidade de divulgação e transparência das atividades.
Cada um desses critérios tem pesos variados dependendo de qual das 48 áreas de avaliação descritas pela Capes ele se enquadra.